
Relembre trabalhos de Alexandre Wollner, o pai do design moderno brasileiro
A morte do designer Alexandre Wollner (1928-2018), aos 89 anos, no último dia 4 de maio, encerrou um importante capítulo do design no país, mas não sua história. Não à toa, Wollner é chamado de o “pai do design moderno brasileiro”.Ele começou a atuar em 1951 e criou marcas que estão no imaginário popular, como a logomarca do Itaú, dos Elevadores Atlas e as embalagens das sardinhas Coqueiro, entre outros. Apegado às artes desde cedo, Wollner, filho de imigrantes iugoslavos, teve seu primeiro contato com o design na oficina de tipografia do pai. Mas foi só após uma viagem para a Alemanha, que o design entrou de vez em sua vida.
Em 1953, escolhido pelo artista suíço Max Bill, Wollner integrou a turma de estreia da Escola Superior da Forma (HfG), em Ulm, na Alemanha, uma espécie de continuação da Bauhaus, escola alemã que revolucionou o design no início do século 20. Ao voltar, cinco anos depois, ele traz na bagagem mais técnica, o que usaria para transformar o design brasileiro.
Cartazes criados por Wollner para a Bienal de Artes de 1955 e Festival Internacional de Cinema de 1954.
Uma das primeiras ações em seu retorno foi inaugurar com Geraldo de Barros (1923-1998), Rubem de Freitas e Walter Macedo, o primeiro escritório de design do Brasil: o Form-Inform. Ali criou programas de identidade visual pioneiros para empresas nacionais, incluindo sistemas de sinalização, design editorial, linhas de embalagem e cartazes.
O passo seguinte foi compartilhar todo o aprendizado durante sua estadia na Alemanha e com a nova empreitada profissional. Ao lado do artista gráfico Aloísio Magalhães (1927-1982), iniciou no MAM-RJ (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro) um curso de tipografia, o que acabou originando a Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI).
Inaugurada em 1963, a ESDI é considerada a primeira instituição de design de nível superior no país e foi crucial para a profissionalização do designer no Brasil, beneficiando as futuras gerações de profissionais. Em 1975, a escola foi incorporada à Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Nos anos 60, além de fundar a ESDI, Wollner deixa o Form-Inform e abre seu próprio escritório de programação visual, onde desenvolve logotipos para grandes empresas, como a Metal Leve e a Eucatex.
De lá pra cá presidiu a Associação Brasileira de Desenho Industrial (ABDI) em duas gestões (1970-72 e 1973-74), foi consultor da Prefeitura de São Paulo, recebeu diversos prêmios e ganhou mostrar dentro e fora do Brasil. E mesmo com quase 90 anos, trabalhou até seus últimos dias.
“Design é projeto, não é ilustração, nem decoração”, dizia ele. Em seu livro Textos Recentes e Escritos Históricos, Wollner tenta definir o que é design e fala da importância da logomarca:
“Uma definição de design… É muito difícil, porque a evolução da linguagem, dos elementos técnicos é tão rápida que se fala de uma coisa hoje e ela é diferente amanhã. (...) Não é só fazer uma marquinha sem se preocupar com o comportamento que essa marca vai ter em todo o contexto, não só da indústria, mas também da comunicação visual. Ela precisa estar baseada em toda uma estruturação e prever aplicações bastante coerentes. Essa é a proposta do design, que não está preocupado com a estética, mas com a função, com materiais, com a ergonomia visual, com aplicações planas e não planas. (...) Um trabalho de design gráfico deve durar no mínimo vinte a trinta anos. Um logotipo não perde a atualidade, e a potencialidade está em torno desse sinal, desse elemento”.
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