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Lojas e comércio fechados. Circulação reduzida de pessoas pela cidade. Aulas suspensas. O período de quarentena imposto em várias cidades para tentar conter o número de transmissões do novo coronavírus trouxe uma nova rotina e um novo desafio para toda a sociedade: como se adaptar ao trabalho e aos estudos em casa, como administrar o tempo e, o mais importante talvez, como se manter focado e são em um momento tão delicado.
Para os professores da EBAC, a adaptação precisou ser rápida já que o contexto mudou quase que do dia para a noite e os desafios para estimular e manter os alunos focados são diários. "Os alunos estavam há duas semanas no curso quando a quarentena começou. Foi difícil adaptar as aulas porque é um curso de muita mão na massa, de presença, baseado em projetos, ou seja, o aluno tem que usar o ateliê, usar materiais do estúdio de impressão entre outros", comenta Roger Bassetto, coordenador do Preparatório para Graduação: Arte e Design na EBAC.
Ele confessa que foi um cenário diferente para alguns professores. "Eu nunca dei aula online. Tínhamos professores na equipe já com experiência nesse formato, outros aprenderam em uma semana. Estamos passando trabalhos, usando recursos digitais. Mas me pareceu que para os alunos essa convivência online é mais confortável, o que me surpreendeu", diz.
Carlos Pileggi, coordenador do Year Zero: Foundation Art and Design, entendeu que não daria para seguir o ritmo de ateliê nas aulas e quis pensar em formas de manter os alunos ativos. A turma está no momento de pesquisa e contextualização do projeto final. Uma das ideias foi criar o movimento “keep moving” com o acrônimo “KM” para dar a ideia de quilômetro, rodagem.
MOVIMENTO KEEP MOVING E OUTROS
"Durante as aulas estamos sentindo um baque nos alunos. Então criamos o movimento 'keep moving'. Assim começamos o dia com atividades que não estão ligadas aos projetos finais dos alunos. Mesmo sem esse isolamento, este já seria um período de mais estresse para os alunos por conta do projeto, e tentamos propor atividades onde eles possam purgar um pouco os sentimentos ruins na criação, além de dar uma motivação para acordar, criar", explica ele.
Uma das atividades teve como tema sombras. Os alunos tinham que filmar, desenhar ou fotografar uma sombra. Em outra proposta, intitulada “Museum of Me”, os alunos deviam encontrar objetos dentro de casa sobre eles. “Eles praticam curadoria, escrevem sobre, é uma atividade simples onde eles podem usar muitas habilidades. É abrir a cabeça com o que se tem em casa. Agora é a hora do espírito MacGyver", brinca Pileggi.
João Almeida, aluno do Year Zero: Foundation Art and Design, tem aprovado as atividades. “É um momento mais leve do dia, as atividades servem para tentar criar novas perspectivas dentro de um espaço que possa estar visualmente desgastado. Elas também são muito boas para sair de uma linha mais rígida de pensamento (o que é difícil quando você está criando sozinho), e pode mostrar novas possibilidades para o projeto final”.
PRODUTIVIDADE X ANSIEDADE
Além de tentar manter o aluno focado e estimular a criatividade, as atividades também buscam quebrar um pouco a ansiedade que um momento como esse provoca. "Os alunos estão sofrendo com desmotivação, desorganização, não saber como trabalhar em casa", comenta Duda Hernandez, tutor do academic support da EBAC.
A resposta para essa dificuldade é até simples: isso é novo para todo mundo. “Está começando a cair a ficha que não é que a gente transferiu a nossa antiga rotina para dentro de casa, essa é uma nova rotina. Se você antes tinha que lidar com questões de transporte, tempo para chegar na escola, se ia chover, agora tem que lidar com a louça suja, com o irmão pequeno em casa. Precisa redesenhar tudo, e não simplesmente adaptar tudo", diz Hernandez.
Para João, criar essa rotina dentro de casa tem sido uma tarefa desafiadora. “No estúdio as coisas fluem mais fácil, até porque não há tantas distrações e também porque tem pessoas que estão no mesmo ritmo que o seu. Agora tudo depende mais de uma autodisciplina para conseguir se manter nesse ritmo”, comenta o estudante.
Nas aulas, temas que antes não eram abordados acabaram entrando na grade virtual para tentar trazer um conforto aos alunos. Bassetto conta que inseriu uma aula sobre como trabalhar a ansiedade com a arte, “pois estamos percebendo que muitos alunos estão ansiosos. Um dos professores apresentou uns monges coreanos que usam o desenho como uma atividade de concentração, como uma maneira de trabalhar essa ansiedade".
Para Hernandez, cada um precisa encontrar seu melhor jeito de funcionar no atual contexto, sem cobrança. Ele dá a seguinte dica para que a gente tente se motivar diariamente: “comece o dia com uma atividade que te dê prazer”.
“Os alunos estão com tempo sobrando e não sabem o que fazer. Eu respondo: faça alguma coisa. Essa quarentena vai ser algo que nós vamos lembrar daqui a uns anos, como foi o 11 de setembro. Então, crie um projeto quarentena para quando isso terminar e alguém te perguntar o que você fez, você possa falar ‘aprendi a cuidar das plantas, a mexer no photoshop, li Shakespeare todo’ ou para que em vez de ser um período de ansiedade, ele te proporcione uma coisa nova", diz Hernandez.
COLA NO JAZZ: É HORA DE IMPROVISAR PARA CRIAR
"A coisa virou muito mais jazz”, diz o professor. “A criatividade acontece justamente no improviso. Quando eu estou online com um professor tem algo acontecendo e não é um ambiente negativo, é desafiador. Nessas horas de crise a gente pode criar algo novo".
Assim como Bassetto, Pileggi acredita que o momento pode trazer oportunidades positivas. "Sou artista visual e designer, então minha conduta sempre foi trabalhar com o que eu tenho em mãos. O improviso sempre esteve presente no meu trabalho. Levo esse momento como um experimento, como uma oportunidade de fazer algo novo".
Inclusive, nas ideias do professor para a próxima turma está a de uma quarentena voluntária para estimular um lado diferente da criatividade. “A grande maioria dos alunos está sendo corajosa, estão tentando se adaptar assim como nós, professores. Espero poder olhar para trás quando tudo isso passar e ter orgulho do que fizemos".
Carlos Pileggi, coordenador do Year Zero: Foundation Art and Design em aula com os alunos.